quinta-feira, 30 de outubro de 2008


*** ENTRE QUATRO PAREDES ***

Meu mundo inteiro
contigo, resume-se
em quatro paredes
sem som
sem dimensão
flutuo no espaço

Só sinto teu toque
divina luz irisada
sem pressa, com jeito
de quem não quer nada
e dando de tudo

E o beijo nos pés
teu lume, quente sensual
tocando minhas coxas
deixando um rastilho
de fogo em brasa

De olhos fechados , tocando meu céu
eu vejo as estrelas, as plêiades azuis
percorro inteira a Via Láctea
em chamas, com todo fulgor
e a lua a beijar-me a face, serena
por mais que eu disfarce
sinto-me extasiada

E a sutil cavalgada, nos píncaros lunares
e sem nenhuma prudência
me abro em luz, desperto explosões
preciosos minutos, em êxtase total
e o doce embalo uníssono, é o mais
perfeito cavalgar

terça-feira, 28 de outubro de 2008

***Eu Sou***

Eu sou o perfume da roseira, a aragem que balança os trigais
Eu sou um alma faceira, que vive entre gemidos e ais
Eu sou a luz que dourada, reflete as nuanças trigais
Eu sou aquela amada, em vestimentas florais

Eu sou o azul do caminho, o mesmo azul do teu céu
Eu sou a cor do vidrilho, sou a companhia ao léu
Eu sou um raio de amor, que acaso tombou do céu
Eu sou aquele tremor, que rompe e rasga o véu

E com os olhos chovidos, eu sou o lamento de dor
Eu sou o jardim florido, onde nasce toda a flor
Eu sou toda ouvido, eu sou o eco do amor

***Rosa Mel***

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

***SAUDOSA PANTANEIRA***




***SAUDOSA PANTANEIRA***

Em frente ao seu teclado, mui saudosa a pantaneira
Relembra o som enrolado, que faz agora a betoneira
Chora, chora a saracura, com as canelas mergulhadas
E grita: -- Ninguém segura, as minhas pernas molhadas

O gavião caramujeiro, pousado no toco de pau
Rastreia com olhar ligeiro, o seu manjar sem igual
Cadê a trilha do rio, que serpenteia ao redor
Ouço o canto do canário, que ecoa no arredor

O pacu e o bagre pintado, e a coruja buraqueira
No barranco encostado, escutam a louca pieira
É no verde desta mata, que acompanha o rio
É ali que se retrata, a bicharada no cio

E a brisa pantaneira, desta mata imaculada
Lá no alto da palmeira, grita, a caturrita chocada
E no meio da estrada, vai correndo bem ligeira
A bela onça pintada, que sai levantando a poeira

Aporta na ribanceira, a nossa velha chalana
Se espalha pela esteira, que parece terra plana
Por amor ao pantaneiro, há de ser sempre lembrado
O nosso bravio vaqueiro, pelo espinho guasqueado

A parte mais funda do rio, lugar de difícil acesso
O vaqueiro em seu desafio, atravessa o progresso
Ao relembrar minha infância e o meu sonho embalado
Era sempre uma constância, o miar do gato pardo

É tanta coisa bonita, que tem o meu pantanal
Desde a onça chita, a gritar no meu quintal
Jacaré foge ligeiro, corre pra água encantada
Espera o veado campeiro, para dar uma bocada

Tuiuiús empoleirados, em grandes ninhos gentis
Feitos de galhos quebrados e parecem tão sutis
Um sol de causar inveja, à vitória régia beijando
E o orvalho esbraveja e fica nela pingando

O tear era perfeito, das aranhas caranguejeiras
Que pegam logo de jeito, os manjares bem ligeiras
O canto da saparia, o assovio dos bugios
Eram mais que gritaria, do que berro de bravios

A lesma mui vagarosa e a serpente encantada
Em sua prosa gosmosa, olham chorosa boiada
E os cantos dos cardeais, só poesias mais nada
Pelos ventos outonais esperando a invernada

E o papagaio faceiro, repetia bem ou mal
O nome da bicharada, do meu lindo pantanal
Calça de couro e laço, botas cavalo e cão
Desse vaqueiro eu faço, o herói do meu sertão

Ao longe escuto o berrante, que acalma e consola
Apenas por um instante, o esperar que nos assola
E assim chega festeiro, de uma vida alvissareira
E cante logo violeiro, a sua viagem estradeira

E a morena cor de mel, que espera ao pé do fogão
Com o coração á tropel, lhe puxa firme na mão
Retirando-lhe a perneira, o cinto e o facão
Oferece-lhe, a farofeira arroz e muito feijão

E Vai chegando o verão, choro eu e o mundo inteiro
As terras inundarão.....
“Saudades do Pantaneiro!”


***RosaMel***
Todos os textos deste blog têm os direitos registrados para RosaMel.