quinta-feira, 30 de outubro de 2008


*** ENTRE QUATRO PAREDES ***

Meu mundo inteiro
contigo, resume-se
em quatro paredes
sem som
sem dimensão
flutuo no espaço

Só sinto teu toque
divina luz irisada
sem pressa, com jeito
de quem não quer nada
e dando de tudo

E o beijo nos pés
teu lume, quente sensual
tocando minhas coxas
deixando um rastilho
de fogo em brasa

De olhos fechados , tocando meu céu
eu vejo as estrelas, as plêiades azuis
percorro inteira a Via Láctea
em chamas, com todo fulgor
e a lua a beijar-me a face, serena
por mais que eu disfarce
sinto-me extasiada

E a sutil cavalgada, nos píncaros lunares
e sem nenhuma prudência
me abro em luz, desperto explosões
preciosos minutos, em êxtase total
e o doce embalo uníssono, é o mais
perfeito cavalgar

terça-feira, 28 de outubro de 2008

***Eu Sou***

Eu sou o perfume da roseira, a aragem que balança os trigais
Eu sou um alma faceira, que vive entre gemidos e ais
Eu sou a luz que dourada, reflete as nuanças trigais
Eu sou aquela amada, em vestimentas florais

Eu sou o azul do caminho, o mesmo azul do teu céu
Eu sou a cor do vidrilho, sou a companhia ao léu
Eu sou um raio de amor, que acaso tombou do céu
Eu sou aquele tremor, que rompe e rasga o véu

E com os olhos chovidos, eu sou o lamento de dor
Eu sou o jardim florido, onde nasce toda a flor
Eu sou toda ouvido, eu sou o eco do amor

***Rosa Mel***

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

***SAUDOSA PANTANEIRA***




***SAUDOSA PANTANEIRA***

Em frente ao seu teclado, mui saudosa a pantaneira
Relembra o som enrolado, que faz agora a betoneira
Chora, chora a saracura, com as canelas mergulhadas
E grita: -- Ninguém segura, as minhas pernas molhadas

O gavião caramujeiro, pousado no toco de pau
Rastreia com olhar ligeiro, o seu manjar sem igual
Cadê a trilha do rio, que serpenteia ao redor
Ouço o canto do canário, que ecoa no arredor

O pacu e o bagre pintado, e a coruja buraqueira
No barranco encostado, escutam a louca pieira
É no verde desta mata, que acompanha o rio
É ali que se retrata, a bicharada no cio

E a brisa pantaneira, desta mata imaculada
Lá no alto da palmeira, grita, a caturrita chocada
E no meio da estrada, vai correndo bem ligeira
A bela onça pintada, que sai levantando a poeira

Aporta na ribanceira, a nossa velha chalana
Se espalha pela esteira, que parece terra plana
Por amor ao pantaneiro, há de ser sempre lembrado
O nosso bravio vaqueiro, pelo espinho guasqueado

A parte mais funda do rio, lugar de difícil acesso
O vaqueiro em seu desafio, atravessa o progresso
Ao relembrar minha infância e o meu sonho embalado
Era sempre uma constância, o miar do gato pardo

É tanta coisa bonita, que tem o meu pantanal
Desde a onça chita, a gritar no meu quintal
Jacaré foge ligeiro, corre pra água encantada
Espera o veado campeiro, para dar uma bocada

Tuiuiús empoleirados, em grandes ninhos gentis
Feitos de galhos quebrados e parecem tão sutis
Um sol de causar inveja, à vitória régia beijando
E o orvalho esbraveja e fica nela pingando

O tear era perfeito, das aranhas caranguejeiras
Que pegam logo de jeito, os manjares bem ligeiras
O canto da saparia, o assovio dos bugios
Eram mais que gritaria, do que berro de bravios

A lesma mui vagarosa e a serpente encantada
Em sua prosa gosmosa, olham chorosa boiada
E os cantos dos cardeais, só poesias mais nada
Pelos ventos outonais esperando a invernada

E o papagaio faceiro, repetia bem ou mal
O nome da bicharada, do meu lindo pantanal
Calça de couro e laço, botas cavalo e cão
Desse vaqueiro eu faço, o herói do meu sertão

Ao longe escuto o berrante, que acalma e consola
Apenas por um instante, o esperar que nos assola
E assim chega festeiro, de uma vida alvissareira
E cante logo violeiro, a sua viagem estradeira

E a morena cor de mel, que espera ao pé do fogão
Com o coração á tropel, lhe puxa firme na mão
Retirando-lhe a perneira, o cinto e o facão
Oferece-lhe, a farofeira arroz e muito feijão

E Vai chegando o verão, choro eu e o mundo inteiro
As terras inundarão.....
“Saudades do Pantaneiro!”


***RosaMel***

segunda-feira, 15 de setembro de 2008



*** OLHAR ESTRELAS***

A noite estrelada convida e a valsa tocando ao léu
Eu amada constrangida por ti esperando em meu céu
E tuas mãos que acariciam o meu corpo acalorado
E os teus olhos que denunciam um forte desejo velado

Desenovelas meus cabelos com carinhos tão gentis
E como não recebê-los se me fazem tão feliz
E tirando tua vestimenta por sobre a grama orvalhada
É a mim que atormenta esta visão tão desejada

Me deitas suavemente me envolvendo em teu abraço
E eu sinto docemente do teu coração o compasso
Gira a noite por sobre as estrelas penso eu estar em sonho
Quero eu tê-las e vê-las sempre no teu semblante risonho

E abres com encantamento minhas vestes e a leve brisa
E sinto o encantamento da mão macia e lisa
A pele a arrepiar e assim você fareja
Este meu calmo gozar embora tu anteveja

A cena calma e serena de dois amantes sob a lua
Fazendo uma festa amena e eu delicada toda nua
Enrolo-me em teu desejo tão forte e tão fecundo
Também a ti eu farejo feito uma fera do mundo

Fecho os olhos e entre véus sinto-me ser possuída
E com as estrelas do céu eu posso ser confundida
E assim ao último bailado entre o êxtase e o gemido final
Eu sinto ter encontrado a minha luz existencial

***RosaMel***

segunda-feira, 4 de agosto de 2008




***Romper da Aurora***


Rompe a aurora no horizonte
Rente ao rio em potencial
Parece mais uma fonte
De um precioso manancial

O dourado que se arrasta
Por este rio tão feliz
É o mesmo que se alastra
No coraçaõ que te quiz

Sorria diante da cena
Do rastilho em fulgor
Esta é a Ipanema
Do meu portinho de amor.

***Rosa Mel***

terça-feira, 27 de maio de 2008


***Descoberta***

Queima fogueira ardente, soltando o cheiro de pedra queimada
Ferve o café na trempe pendente, espumando, já aferventada
Folhas secas rolam pela relva, já batidas por tantos cascos
Um dia o lugar já foi selva, hoje são troncos tortos e toscos
Mas embora assim desgastada, paisagem versus magias
Muita gente campeia, esta estrada, cantando trovas em poesias
Atrás da gruta bela paisagem, tão pura que parece intocada
Por ali, nunca houve passagem, nem toque na mata enrugada.
Árvores toscas torcidas emusgadas, enroladas entre si enamorados
Sonhos de florestas encantadas, de contos, nunca dantes revelados
Deitou-se a árvore por sobre a outra, numa pose de trejeito sensual
Entranham-se uma na outra, que não se pode dizer, quem é qual
Pouco a pouco convertido no passado, que verde ramo no seu corpo indivisível
Que de seca por amor ficou molhada, perpetuada em sua raiz transmissível
E aos dois amantes tão unidos finalmente, envoltos em musgo e em gotas de orvalho
Ataram-se em fios por escolha permanente, são tão felizes que ali não tem um malho
Neste amor puro que não tem fim e não tem morte, que os olhos viram e creram na realidade
Que existe sim, o bem querer com toda a sorte, que o amor perpétuo, tem da natureza a eternidade
Querendo assim manter oculto este local, arrebanho então todos os cipós e com a promessa
De que o amor reinará por igual e imortal, eu tranço tudo, dou belo nó e fecho a peça...

***Rosa Mel***

domingo, 18 de maio de 2008

*** Estrada Encoberta ***

Estrada larga de folhas cobertas,
em todas as nuanças contraditórias
O chão de folhas secas que estalam,
ao caminhar trôpego da andarilha
Secas e marrons em cujo outono,
caem também em ocre alaranjada
Segue triste em expectativa falha,
cai sem parar á espera de uma flor
Triste engano e sozinha na rua nua,
onde as rajadas de vento dispersam
A folha morta como morta como morta
esta, a minha alma cansada de chorar
Esperar e lastimar um amor que se foi,
uma lembrança triste de um bem querer
E nesta luta desigual acovardada,
que eu sigo o meu destino alucinada
Acuada por um amor já fenecido,
embora eu tenha muito te amado
Hoje lamento o quanto te amei,
e sigo na penumbra assustadora
Com o espectro daquilo que dantes fora,
já não sou mais a mesma amadora
Que ao raiar do dia em novas cores,
brilhando na aurora a estrela matutina
Anunciando um dia mal fadado,
é tão triste que a mim fulmina
Nos desamores do meu amor,
o encontrar por entre as flores mortas.

***Rosa Mel***

sexta-feira, 9 de maio de 2008


*** Delírios ***

É uma doce loucura
pensar em você nos meus braços
até perco a estrutura
olhando teus finos traços
teus lábios na minha pele
e o encontro das nossas almas
pedem um beijo que selem
no centro das nossas palmas
e a luz se descompondo
que ilumina sem receio
o que nós vamos expondo
entre graça e meneio
imagem...rosto,,,calor...e mão
nosso sentido e momento
é um delírio a cada estação
e ao girar do pensamento
roçando tua pele na minha
eu deliro em teu carinho
te agarro de mansinho
e nos teus braços
me aninho.....

***Rosa Mel***


segunda-feira, 5 de maio de 2008

*** MEU AMOR IMORTAL ***

O que me faz querer-te como te quero
O que tens que fico louca ao pensar em ti
Tudo faço, digo, eu me esmero
E realmente nem sei o que vi

Devo ser por deveras insana
Por querer-te tanto assim
E por vezes tenho gana
Ao envolver-me nesse festim

Nesta angústia que fere minh'alma
Tão florida de amor, quente e sensual
Com certeza seria a minha calma
Se deixasse de ser tão casual

Quando jogasse ao universo
O teu mantra de querência imortal
Deixaste minha vida num reverso
Junto a tua num elo transcendental

E hoje teu compromisso está amarrado
Onde envolveste os elementais do amor
Não fujas do laço por ti conjurado
Não extermines este fogo e fulgor

Deixe que a roda da vida se proponha
Cumprindo o dito e o traçado verbal
Se não me queres nesta, vida então deponha
Aquele amor que eu julgava imortal

***Rosa Mel***



***BATALHA DE AMOR ***

Aponta a aurora abençoada
Iluminando a nossa cama
Figura bela e aquarelada
Inflamada em intensa chama

E entre lençóis pálida morena
Na dormência de um amor vencido
Respira plácida, calma e amena
A batalha por ora esquecida

Armada de fé e perceverança
Doação de amor puro e imbatível
Guardo no coraçaõ a esperança
Com um beijo doce invencível

Vencedora da primeira
E da segunda batalha
Muito forte e altaneira
Agora com beleza se espalha

Indicando o rumo e acalentando
Ao seu redor imensa paz
E sem espera continua amando
O guerreiro caído que alegria tráz

***Rosa Mel***
***OCASO***

Vento, ventania
Que bate na ramada
Em cima do telhado
Lá no céu a lua cheia
Com seu olhar encantado
Purpurina um ocaso
Rosa fúcsia
Azul nacarado
E eu entro em sintonia
Pois me encho de alegria
Mas o coraçaõ saudoso
É que lembro a sinfonia
E do acorde estrondoso
Dois corações em agonia
Batendo alucinado
Reacendendo em transe
Um amor perpetuado

***Rosa Mel***

domingo, 4 de maio de 2008


*** SONHO ***

Feliz em estar no azul
Voar...voar...voar...
No infinito
Aprocura de ti
Onde estás meu doce amor
Feliz...escondido de mim?
Que procuro por ti
E estás meu coraçaõ
Que te busco nesta canção
Que vem do infinito azul
Voe...voe...voe...
Do norte até o sul
Faça da aurora
Um sol de verão
Derreta a geada
Do meu coraçaõ
E ao derreter
Que se transforme
Num lago azul
Onde espelhados
Na emoçaõ voaremos
Um Danúbio Azul!!!

***Rosa Mel***

*** VENTO E CHUVA***

E o vento me traz num repente
O cheiro forte da terra molhada
E o sol aquece preguiçosamente
A poça dágua bem esparramada

A agua que desce pelo telhado
Formando um só fio de goteira
Me leva de volta ao passado
Recordando feliz brincadeira

Verde gramado todo alagado
Mais parecia um grande colchão
E o som do capim todo enxarcado
Como era bom rolar pelo chão

Cabelo molhado grudado no rosto
A roupa colada no corpo miúdo
E eu naõ queria deixar o meu posto
O vento e a chuva prá mim era tudo.

***Rosa Mel***

*** BEM QUERER ***

Bem querer
Mal querer
No universo
eu me integro
grande estrela dourada
no meu mundo
Sensação de glória
Sem insanas criaturas
levadas pelo medo
Eu amo
Eu sou amada
Eu venço
Fim de estrada
Fim de vida
fim de alma peregrina.

***Rosa Mel***

*** AMOR DE LUA ***

Olhando o mar
e entrando
no mar dos meus
desejos
Sol no horizonte
querendo deitar
A lua em outro quadrante
Insistindo em levantar
São tal e qual
Dois amantes
Querendo disfarçar
Que a paixão que os atrai
Ao amanhecer
É fulgurante
Ao anoitecer
É extasiante
Que ele dorme
E ela sai
de mansinho...
Mas vai voltar.

***Rosa Mel***
***RETIRANTE***

Passa...passa...passa...
nuvens em algodão
flutuando no espaço!
E abrindo os meus braços
vejo a grande montanha azul.
E eis que brilha uma estrela
e descendo por entre
vales e montes encarpados...
Eu despenco em queda livre
Amargo pesadelo!!!
Que retorna ao agora...
com a dura realidade
De ver a terra rachada
E a criação encarquilhada
O sertão abrazante
E a seca interminante
que carrega o retirante
Para o asfalto fervente!

***Rosa Mel***

segunda-feira, 28 de abril de 2008

*** Apelo de Criança ***

*** Apelo de Criança ***

Destino ingrato o meu, em vir para a terra agora
Mas sei que "Ele" prometeu, que seria a minha aurora
Eu faço a descida em prantos, pois sei que eu sofrerei
E os meus males serão tantos, que muito eu chorarei

Pensei estar preparada, para uma descida triunfal
Mas sei que serei maltratada, pois na terra vibra o mal
Terei uma mamãe e um papai, e também meus irmãozinhos
Eu não quero ir......deixai! eu quero morar com anjinhos

Criança quer ser bem tratada, quer ter amor e carinho
Precisa ser bem cuidada, pra crescer bem espertinho
Se eu tiver que ir então, me abrace mais um pouquinho
Que não sofra meu coração, já que sou tão pequeninho

E agora então...nova vida, terei de enfrentar com bravura
Eu quero ser muito querida, e amada com a mais doce ternura
Eu peço ao papai do céu, que ilumine o nosso mundo inteiro

Para que amem as criancinhas, com amor puro e verdadeiro
Não podemos ficar ao léu, nem jogadas em qualquer cantinho
Pois somos as flores do céu, que Jesus fez presentinho...

*** Rosa Mel ***

segunda-feira, 3 de março de 2008

***REALIDADE***

Naquele bosque sombrio
No estalar da folha seca
Meu mundo desanuvio
No perfume da rosa fresca
No balanço do cipó
No enrolar da erva daninha
Nada me dá mais dó
Que enrola e me acarinha
Dançando qual borboleta
Voejando em pleno ar
Com minhas asas faço retreta
Por sobre as copas a rodopiar
Exalo a fragrância de um doce cio
Que se espalha em pleno ar
E o brilho florentino
Das estrelas a palpitar
Aumenta o meu dasatino
Desejando te amar
Flores, cores,toques e amores
Me fazem acreditar
Que atravessa o tempo em odores
E realidade não é só sonhar.

*** Rosa Mel ***

terça-feira, 15 de janeiro de 2008


***PASSATEMPO***

Pare o tempo
desfaça o mundo
Meu passatempo?
...contar segundo
Porta aberta
gira o mundo
Nas gotas
de chuva caída
Juntei as lágrimas
da minha vida
Pedia ao vento
com muito intento
Que assoprasse
e que apagasse
A chama acesa
por minha presa
Em cada passo
eu busco espaço
Saio no encalço
do meu compasso
Na cantilena
das minhas penas
Revejo a cena
que me encanta
E num lamento
de encantamento
Isolo a dor
por um momento
Meu sentimento
que estava perdido
Seguia o rumo
arrependido.

*** Rosa Mel ***
***ATRÁS DA VIDA***

Eu busco a vida
n'alma do gato
porque de fato
ele tem sete
Se vascilar a ele esfolo
faço o jantar
E coloco o pêlo
no meu sofá
Que roído está
por causa do gato
que deixou o rato escapar
E buscando a vida
que eu quero viva
prá ser vivida
eu sigo adiante
pro meliante
não acabar
E no fim do dia
com alegria
vou agradecer
Que não matei o gato!!!
Que não matou o rato!!!
E que o meliante, me deixou...
sobreviver...

*** Rosa Mel ***

***BUSCA***

Busquei unguento
no firmamento
Para acalmar
com meu tormento
Busquei orgasmos
nos braços teus
Molhei meus lábios
nos alfarrábios
dos pirineus
Imaginando
os teus afagos
fazendo estragos
no meu buquê
Quero tua alma
Teu pensamento
Teu corpo inteiro
Hospitaleiro
Abrigando o meu
E ao terminarmos
essa canção
Nós dançaremos
na ilusão
Que me foi dada
numa miragem
olhando os céus.
E na aragem, por entre as nuvens
deslizariam por entre véus.
Na grama fria e orvalhada,
fico acordada
esperando a volta
do meu corcel

***Rosa Mel***

domingo, 6 de janeiro de 2008


*** CAMINHO DO GUERREIRO***

Dunas altas
sua base parece,
sulcos de rios secos
e lá vai a caravana
tuaregues, nômades
sem terra sem morada
em cada parada
sua tenda é armada
o céu floresce em estrelas
e a lua prateada, seu lume
somente as rajadas do vento
uivam por entre os viventes
sacudindo tremeluzentes
as vestes a farfalhar
a fogueira seu luzeiro
mais parece um candeeiro
e ao viajante guerreiro
do sol escaldante
ao frio benevolente
e assim completando a sina
desse povo andarilho
sobe duna desce trilha
só se sabe da guerrilha
e da batalha vermelha
sua música alegria
sua fita, sua dita
sua terra é a trilha
que no horizonte grita.

***Rosa Mel***

sábado, 5 de janeiro de 2008




***SITUAÇAÕ***

Um poço
um fosso
um menino moço
que planta tremoço
que serve no almoço
que causa alvoroço
e dor no pescoço

Eu me distorço
em qualquer situaçaõ
botando na mesa
um pedaço de paõ
um salame um sapato
um coro de gato
com cheiro de rato
que sai do porão

Então é que eu vejo
que o percevejo
espera o despejo, do meu colchão
que tá sujo , manchado
velho e rasgado
das goteiras pingado, jogado no chão

Que droga de vida de luta comprida
Que prá ser vivida , tem que ser lida
Ser exibida, concorrida, perseguida
E boa prá ser vivida!


***Rosa Mel***




***PENSAMENTO***

Tempo
Chove lá fora
Calor aqui dentro
Caos na cidade
Aqui liberdade
Diante do mundo
Um olhar vagabundo
Pensando inquieto
Só absursos
Somos grãos
Entre cinzas
Letras que bailam
Sem linha reta
Labaredas que lambem
Um rio de lágrimas
Superiores Supremos
Pequenos enfermos
De norte a sul
Não temos extremos
Aos olhos do mundo
E do vagabundo
É tudo ridículo
Sem exceção.

***Rosa Mel***

***Perfeição***

Quem não viu
um beija flor
Voando bem ligeirinho
e flutuando no ar
com suas pequenas asinhas
parecendo ventoinhas
Delas se vê tão somente
as sombras a tremular
e o silêncio
do suave farfalhar
Do canto doce sereno
do beijo de flor em flor
me parece tão ameno
pedindo permissão
Tão singelo e profundo
com certeza o criador
nos deu a perfeição
de um pequeno
e grande amor
Nas asas do beija flor.

***Rosa Mel***

(Pintura de Josephine Wall - Merfairy)


***NAS ÁGUAS***


Vou de encontro ao mar
Com ondas a me encantar
No meu corpo a maresia
Exalando pelo ar
E o canto das sereias
Eu canto com a minha voz
Isso é pura magia
As águas a murmurar
Te saúdo ó rainha
Te ajudo a enfeitiçar
Pescador de poesia
E pescador de amar
Encandeia a minh'alma
Prá que eu possa encandear
A alma de um atrevido
Que com seu olho comprido
Fica só a provocar
Não sabe dos meus mistérios
Nem segredos e magias
E nas malhas que eu teço
Os fios são fantasias
É ali que está o preço
Quando a rede arremesso
Quando quero alegrias
Esqueço assim minhas mágoas
Te retirando das águas
Cristalinas e frias
Meu amor de todos dias.....


***Rosa Mel***




***VOCÊ***

Corações desertos
vidas vazias
apagadas pelo tempo
nas noites frias
em noites sem sono
sofrendo nostalgias
vivendo em abandono
com suas fantasias
que o vento do deserto
carregado de areia
me traga para perto
a luz que me norteia
não se apague com o tempo
e que o brilho do amor
não seja contratempo
e reacenda com calor
o que foi levado pelo vento


***Rosa Mel***



***NUVENS ROSAS***

Entre ondas e marolas
surgem no horizonte
nuvens rosas
com o por do sol
infinito,
no azul do mar
e a noite pontilhada
de estrelas
gota d'agua pendurada
no céu emoldurada

***RosaMel***




***AGONIA***

Amanhece o dia
aragem fria
à beira mar
ao longe no horizonte
vislumbra um navegante
que embora distante
ligeiro é o seu remar
com certeza remaria
com toda mestria
se forças tivesse
para chegar bem depressa
à beira do cais
por horas em seu ponto
a esperar
trêmula.... ardente...
em febre de amor
pálida morena, espera
que do mar traiçoeiro
volte bem faceiro
para lhe cobrir
de amor.

***RosaMel***

*** TEMPO E SILÊNCIO ***

O tempo passa
o silêncio repassa
o tempo caça
o silêncio transpassa
o tempo castiga
o silêncio instiga
o tempo insiste
o silêncio persiste
o tempo agita
o silêncio irrita
o tempo entontece
o silêncio enlouquece
o tempo é tudo
o silêncio é mudo
TEMPO E SILÊNCIO NO MUNDO!

***RosaMel***

***PARTIDA***

Viola chora
e geme triste,
na partida
sobe o morro,
não aceita a despedida,
com a lua apagada
estrela paralizada,
some o mundo
sob os pés.
o abismo é profundo
despenco e escorrego,
pelo dó mais sustenido,
esquecido do meu ego,
deixando um só gemido,
pelo amor que foi perdido.

***RosaMel***


*** EU HEIN ? ***

Eu acreditar em bruxa, ora essa que piada
Com essa quase me embucho, mas eu fiquei arrepiada
Fui deitar tarde da noite, jogando conversa fiada.
O vento bateu num açoite, e da coruja ouvi piada...

Peguei no sono em seguida, sonhando mil diabruras
Pensei ser perseguida, por horríveis criaturas
Era um baita pesadelo, que nunca se acabava
Do meu gato restou só o pelo, e a vassoura desfiava

E eu não acreditava, estava só na esperança
De cansada eu babava, com o cabelo todo em trança
Que momentos tenebrosos, eu passei naquela noite
Com os meu olhos chorosos, não agüento o pernoite

E agora eu pergunto, quem é que desembucha
Vamos mudar de assunto kiáah... kiáah... kiáah... ahhhhh..
“Eu sou mesmo é uma bruxa”!

***Rosa Mel***



*** PASSARINHA!***

Vê se tu te aninhas
no alto daquela torre
com mais mil andorinhas
querendo fazer verão
voe alto fazendo firula
mas cuidado com gavião
que se encontra à espreita
de vigia em fresta estreita
querendo dar...
rasantes no chão
voe alto muito esguia
elegante e altiva
não cantas qual patativa
mas danças no largo espaço
dando voltas no compasso
e na contra dança....
...és diva!

***Rosa Mel***



(Tela de Josephine Wall- natures_embrace)


***NOTURNO**


Luar...
estrela...
sol infinito...
mãos agarrando,
plêiades azuis.
Bombas no espaço,
espoucando em luzes
vales e montes,
crateras sem fim.
Faíscas percorrendo,
as cordas da viola
dedos teclando
os galhos do ipê,
percorrendo o tronco,
num amor divinal.

***Rosa Mel***




***Pescador***


Olhando o mar à noitinha,
com ondas a balançar
para lá... e para cá...
Com rendas a enfeitar
a saia de iemanjá.
Nos babados a dançar
e cantando sua roda,
pescador mandou chamar...
Já pegou seu peixe hoje?
Entaõ devolva pro mar...
Se achegue aqui pertinho
que eu vou te ensinar
a pegar, não um peixinho,
mas tua sereia pra amar.

***Rosa Mel***

.


***Novo Ser***

Sentia-me tão estranha, não percebia mais nada
E até as minhas entranhas, estavam acostumadas
Mas olhando meu interior, que virado em casca dura
Pensava ser eu superior, mas era só armadura

Peguei martelo e cinzel, sem dó e nem piedade
Nova tinta e um pincel, recriei-me com bondade
Quebrando lasca por lasca, senti dores tão atrózes
Meu coração em nevasca, rugia ventos ferozes

Chorando ao criador, pedi amparo e socorro
Que livrasse desta dor, porque disso eu quase morro
Lavei-me em luz profunda, emanada de Deus menino
Onde a vitória abunda, e ninguém é pequenino

Tive então a sensação, que um novo ser eu era
Alcancei a redenção, vi-me em outra esfera
A casca que estava envolta, desfez-se como num sonho
E a minha alma revolta, em alegrias deponho.
by
RosaMel




***RUMO***

Lá prás bandas da senzala
na picada de chão batido
a beleza se iguala
na cachoeira com seu gemido
As folhas caídas no chão
fazendo um tapete ungido
a água bate na pedra
com ressoar adormecido
A clareira iluminada
por entre folhas e ramos
Nos mostra seres alados
dando alento aos humanos
e o pipocar das estrelas
faíscando arco íris
Quem não vê-las
ou querê-las
não passa de um rei ofendido
Fica cego sem as te-la
E segue o rumo perdido.
by
***RosaMel***

*** O MONGE***

Um ponto ensolarado
desce a trilha escarpada
pensando com seus botões
Descer até a cidade
isso é uma raridade
E segue o seu destino
na trilha grotesca e falsa
E debaixo da mantilha
sua tigela e um frasco
ervas, unguentos e sais
carrega com precisão
Vai curar dores e ais
sem perder nenhum grão
Entrando em um casebre
bem à beira do caminho
Salvando o seu doente
que estava em definho
Sem dizer uma palavra
pega a trilha e vai embora
Dedilhando a japamala
olhando o céu estrelado
Segue o monge a escarpada
E chegando ao seu mosteiro
Vai rezar pro mundo inteiro.
by
***RosaMel***



***CIGANA ERRANTE***

Sou cigana sou errante
Caminhar é a minha sina
Seja com sol causticante
Ou seja com chuva por cima
Minha tenda está armada
Debaixo de uma figueira
Com toras de lenha queimada
E a carroça estradeira
Meus lençóis são de cetim
Minha roupa colorida
Não tenho tempo ruim
Minha vida é bem florida
E a música companheira
Tocada na minha guitarra
Também é muito faceira
Cantando como a cigarra
E acompanho os meus passos
No tocar da castanhola
E não perco um compasso
Sou de origem espanhola
O luar me acompanha
Com estrela brilhantina
E o sol sempre me lanha
Com dourado me acetina
Minha pele bem tostada
É o orgulho de um povo
Que vive pela estrada
Sempre num caminho novo
by
***RosaMel***



***DANÇA CIGANA***

Eu uso saia rodada
Blusa cheia de babado
Colete de veludo
O meu corpo bem marcado
A vida de alegria
Que eu levo na estrada
Tem sempre por companhia
Uma gente acostumada
De andar pela cidade
No rodar do carroçaõ
Nessa minha liberdade
Minha vida é emoçaõ
A fogueira sempre acesa
A noite coberta de estrelas
A lua cheia é a presa
Para com amor prendê-las
A dança das labaredas
O maneio do corpo em luz
Atravessando as veredas
Por um campo que me conduz
Gira...Roda.. essa saia
Bamboleie os quadris
Mas não saia dessa raia
Pois teu nome é Flor de Lis
Bate e toca a castanhola
Ao som de um violino
Que faminto ele chora
Pelo teu corpo felino.

***Rosa Mel***

***VIDA CIGANA***

Pela estrada bem florida
Vou parando no caminho
Levando uma braçada
De graciosa margarida
Ao sentar na sombra amiga
Encho o meu bule de flor
E assim eu sou querida
Distribuindo amor
Povo forte e valente
Que ama e que conduz
Todos seus descendentes
Com alegria e luz
Proteçaõ , amizade e respeito
É o sentimento perfeito
Que sente e rasga o peito
De um gitano compromissado
Pelo povo andarilho
Não ficar todo espalhado
Que todos sigam a trilha
E unidos como matilha
Mantendo a sua gente
Por debaixo da mantilha.

***Rosa Mel***



***BEDUÍNA***

Conta-me cigana errante,sem pátria e sem destino.
pára por um instante,deixa aprumo o meu tino.
Tu és mulher do deserto, nunca perdeste uma trilha.
Teu olhar é misterioso é esperto,
E não passas de uma andarilha.
O sol escaldante te doura a face,e teu rastro
e na areia apaga com o vento.
Percorres milhas e não arrefece, segues firme
a trilha no intento,
brava guerreira, cigana sem rei.
Mil homens te querem, com apetite voraz,
e quem tu queres, eu não saberei.
Pois a sorte na mão, és tu quem a traz.
Morena dourada de mito e magia, viestes distante
lá da Hungria.
Com ervas, unguento e sete sangria
És bruxa, feiticeira e adivinha, Deusa morena
divinamente bela,
Ser imaginário, andante, estradeira,
pareces pintada em aquarela.
Como oásis perdido, ilusório
Te amo, te quero, minha flor pequena,
Entrega-te a mim, Beduína andante
Ardente, misteriosa, sedenta e plena,
com este corpo de areia coberto
Por certo serias tu, a flor do deserto
e eu areia quente,
que não te liberto.

***Rosa Mel***




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