terça-feira, 15 de janeiro de 2008


***PASSATEMPO***

Pare o tempo
desfaça o mundo
Meu passatempo?
...contar segundo
Porta aberta
gira o mundo
Nas gotas
de chuva caída
Juntei as lágrimas
da minha vida
Pedia ao vento
com muito intento
Que assoprasse
e que apagasse
A chama acesa
por minha presa
Em cada passo
eu busco espaço
Saio no encalço
do meu compasso
Na cantilena
das minhas penas
Revejo a cena
que me encanta
E num lamento
de encantamento
Isolo a dor
por um momento
Meu sentimento
que estava perdido
Seguia o rumo
arrependido.

*** Rosa Mel ***
***ATRÁS DA VIDA***

Eu busco a vida
n'alma do gato
porque de fato
ele tem sete
Se vascilar a ele esfolo
faço o jantar
E coloco o pêlo
no meu sofá
Que roído está
por causa do gato
que deixou o rato escapar
E buscando a vida
que eu quero viva
prá ser vivida
eu sigo adiante
pro meliante
não acabar
E no fim do dia
com alegria
vou agradecer
Que não matei o gato!!!
Que não matou o rato!!!
E que o meliante, me deixou...
sobreviver...

*** Rosa Mel ***

***BUSCA***

Busquei unguento
no firmamento
Para acalmar
com meu tormento
Busquei orgasmos
nos braços teus
Molhei meus lábios
nos alfarrábios
dos pirineus
Imaginando
os teus afagos
fazendo estragos
no meu buquê
Quero tua alma
Teu pensamento
Teu corpo inteiro
Hospitaleiro
Abrigando o meu
E ao terminarmos
essa canção
Nós dançaremos
na ilusão
Que me foi dada
numa miragem
olhando os céus.
E na aragem, por entre as nuvens
deslizariam por entre véus.
Na grama fria e orvalhada,
fico acordada
esperando a volta
do meu corcel

***Rosa Mel***

domingo, 6 de janeiro de 2008


*** CAMINHO DO GUERREIRO***

Dunas altas
sua base parece,
sulcos de rios secos
e lá vai a caravana
tuaregues, nômades
sem terra sem morada
em cada parada
sua tenda é armada
o céu floresce em estrelas
e a lua prateada, seu lume
somente as rajadas do vento
uivam por entre os viventes
sacudindo tremeluzentes
as vestes a farfalhar
a fogueira seu luzeiro
mais parece um candeeiro
e ao viajante guerreiro
do sol escaldante
ao frio benevolente
e assim completando a sina
desse povo andarilho
sobe duna desce trilha
só se sabe da guerrilha
e da batalha vermelha
sua música alegria
sua fita, sua dita
sua terra é a trilha
que no horizonte grita.

***Rosa Mel***

sábado, 5 de janeiro de 2008




***SITUAÇAÕ***

Um poço
um fosso
um menino moço
que planta tremoço
que serve no almoço
que causa alvoroço
e dor no pescoço

Eu me distorço
em qualquer situaçaõ
botando na mesa
um pedaço de paõ
um salame um sapato
um coro de gato
com cheiro de rato
que sai do porão

Então é que eu vejo
que o percevejo
espera o despejo, do meu colchão
que tá sujo , manchado
velho e rasgado
das goteiras pingado, jogado no chão

Que droga de vida de luta comprida
Que prá ser vivida , tem que ser lida
Ser exibida, concorrida, perseguida
E boa prá ser vivida!


***Rosa Mel***




***PENSAMENTO***

Tempo
Chove lá fora
Calor aqui dentro
Caos na cidade
Aqui liberdade
Diante do mundo
Um olhar vagabundo
Pensando inquieto
Só absursos
Somos grãos
Entre cinzas
Letras que bailam
Sem linha reta
Labaredas que lambem
Um rio de lágrimas
Superiores Supremos
Pequenos enfermos
De norte a sul
Não temos extremos
Aos olhos do mundo
E do vagabundo
É tudo ridículo
Sem exceção.

***Rosa Mel***

***Perfeição***

Quem não viu
um beija flor
Voando bem ligeirinho
e flutuando no ar
com suas pequenas asinhas
parecendo ventoinhas
Delas se vê tão somente
as sombras a tremular
e o silêncio
do suave farfalhar
Do canto doce sereno
do beijo de flor em flor
me parece tão ameno
pedindo permissão
Tão singelo e profundo
com certeza o criador
nos deu a perfeição
de um pequeno
e grande amor
Nas asas do beija flor.

***Rosa Mel***

(Pintura de Josephine Wall - Merfairy)


***NAS ÁGUAS***


Vou de encontro ao mar
Com ondas a me encantar
No meu corpo a maresia
Exalando pelo ar
E o canto das sereias
Eu canto com a minha voz
Isso é pura magia
As águas a murmurar
Te saúdo ó rainha
Te ajudo a enfeitiçar
Pescador de poesia
E pescador de amar
Encandeia a minh'alma
Prá que eu possa encandear
A alma de um atrevido
Que com seu olho comprido
Fica só a provocar
Não sabe dos meus mistérios
Nem segredos e magias
E nas malhas que eu teço
Os fios são fantasias
É ali que está o preço
Quando a rede arremesso
Quando quero alegrias
Esqueço assim minhas mágoas
Te retirando das águas
Cristalinas e frias
Meu amor de todos dias.....


***Rosa Mel***




***VOCÊ***

Corações desertos
vidas vazias
apagadas pelo tempo
nas noites frias
em noites sem sono
sofrendo nostalgias
vivendo em abandono
com suas fantasias
que o vento do deserto
carregado de areia
me traga para perto
a luz que me norteia
não se apague com o tempo
e que o brilho do amor
não seja contratempo
e reacenda com calor
o que foi levado pelo vento


***Rosa Mel***



***NUVENS ROSAS***

Entre ondas e marolas
surgem no horizonte
nuvens rosas
com o por do sol
infinito,
no azul do mar
e a noite pontilhada
de estrelas
gota d'agua pendurada
no céu emoldurada

***RosaMel***




***AGONIA***

Amanhece o dia
aragem fria
à beira mar
ao longe no horizonte
vislumbra um navegante
que embora distante
ligeiro é o seu remar
com certeza remaria
com toda mestria
se forças tivesse
para chegar bem depressa
à beira do cais
por horas em seu ponto
a esperar
trêmula.... ardente...
em febre de amor
pálida morena, espera
que do mar traiçoeiro
volte bem faceiro
para lhe cobrir
de amor.

***RosaMel***

*** TEMPO E SILÊNCIO ***

O tempo passa
o silêncio repassa
o tempo caça
o silêncio transpassa
o tempo castiga
o silêncio instiga
o tempo insiste
o silêncio persiste
o tempo agita
o silêncio irrita
o tempo entontece
o silêncio enlouquece
o tempo é tudo
o silêncio é mudo
TEMPO E SILÊNCIO NO MUNDO!

***RosaMel***

***PARTIDA***

Viola chora
e geme triste,
na partida
sobe o morro,
não aceita a despedida,
com a lua apagada
estrela paralizada,
some o mundo
sob os pés.
o abismo é profundo
despenco e escorrego,
pelo dó mais sustenido,
esquecido do meu ego,
deixando um só gemido,
pelo amor que foi perdido.

***RosaMel***


*** EU HEIN ? ***

Eu acreditar em bruxa, ora essa que piada
Com essa quase me embucho, mas eu fiquei arrepiada
Fui deitar tarde da noite, jogando conversa fiada.
O vento bateu num açoite, e da coruja ouvi piada...

Peguei no sono em seguida, sonhando mil diabruras
Pensei ser perseguida, por horríveis criaturas
Era um baita pesadelo, que nunca se acabava
Do meu gato restou só o pelo, e a vassoura desfiava

E eu não acreditava, estava só na esperança
De cansada eu babava, com o cabelo todo em trança
Que momentos tenebrosos, eu passei naquela noite
Com os meu olhos chorosos, não agüento o pernoite

E agora eu pergunto, quem é que desembucha
Vamos mudar de assunto kiáah... kiáah... kiáah... ahhhhh..
“Eu sou mesmo é uma bruxa”!

***Rosa Mel***



*** PASSARINHA!***

Vê se tu te aninhas
no alto daquela torre
com mais mil andorinhas
querendo fazer verão
voe alto fazendo firula
mas cuidado com gavião
que se encontra à espreita
de vigia em fresta estreita
querendo dar...
rasantes no chão
voe alto muito esguia
elegante e altiva
não cantas qual patativa
mas danças no largo espaço
dando voltas no compasso
e na contra dança....
...és diva!

***Rosa Mel***



(Tela de Josephine Wall- natures_embrace)


***NOTURNO**


Luar...
estrela...
sol infinito...
mãos agarrando,
plêiades azuis.
Bombas no espaço,
espoucando em luzes
vales e montes,
crateras sem fim.
Faíscas percorrendo,
as cordas da viola
dedos teclando
os galhos do ipê,
percorrendo o tronco,
num amor divinal.

***Rosa Mel***




***Pescador***


Olhando o mar à noitinha,
com ondas a balançar
para lá... e para cá...
Com rendas a enfeitar
a saia de iemanjá.
Nos babados a dançar
e cantando sua roda,
pescador mandou chamar...
Já pegou seu peixe hoje?
Entaõ devolva pro mar...
Se achegue aqui pertinho
que eu vou te ensinar
a pegar, não um peixinho,
mas tua sereia pra amar.

***Rosa Mel***

.


***Novo Ser***

Sentia-me tão estranha, não percebia mais nada
E até as minhas entranhas, estavam acostumadas
Mas olhando meu interior, que virado em casca dura
Pensava ser eu superior, mas era só armadura

Peguei martelo e cinzel, sem dó e nem piedade
Nova tinta e um pincel, recriei-me com bondade
Quebrando lasca por lasca, senti dores tão atrózes
Meu coração em nevasca, rugia ventos ferozes

Chorando ao criador, pedi amparo e socorro
Que livrasse desta dor, porque disso eu quase morro
Lavei-me em luz profunda, emanada de Deus menino
Onde a vitória abunda, e ninguém é pequenino

Tive então a sensação, que um novo ser eu era
Alcancei a redenção, vi-me em outra esfera
A casca que estava envolta, desfez-se como num sonho
E a minha alma revolta, em alegrias deponho.
by
RosaMel




***RUMO***

Lá prás bandas da senzala
na picada de chão batido
a beleza se iguala
na cachoeira com seu gemido
As folhas caídas no chão
fazendo um tapete ungido
a água bate na pedra
com ressoar adormecido
A clareira iluminada
por entre folhas e ramos
Nos mostra seres alados
dando alento aos humanos
e o pipocar das estrelas
faíscando arco íris
Quem não vê-las
ou querê-las
não passa de um rei ofendido
Fica cego sem as te-la
E segue o rumo perdido.
by
***RosaMel***

*** O MONGE***

Um ponto ensolarado
desce a trilha escarpada
pensando com seus botões
Descer até a cidade
isso é uma raridade
E segue o seu destino
na trilha grotesca e falsa
E debaixo da mantilha
sua tigela e um frasco
ervas, unguentos e sais
carrega com precisão
Vai curar dores e ais
sem perder nenhum grão
Entrando em um casebre
bem à beira do caminho
Salvando o seu doente
que estava em definho
Sem dizer uma palavra
pega a trilha e vai embora
Dedilhando a japamala
olhando o céu estrelado
Segue o monge a escarpada
E chegando ao seu mosteiro
Vai rezar pro mundo inteiro.
by
***RosaMel***



***CIGANA ERRANTE***

Sou cigana sou errante
Caminhar é a minha sina
Seja com sol causticante
Ou seja com chuva por cima
Minha tenda está armada
Debaixo de uma figueira
Com toras de lenha queimada
E a carroça estradeira
Meus lençóis são de cetim
Minha roupa colorida
Não tenho tempo ruim
Minha vida é bem florida
E a música companheira
Tocada na minha guitarra
Também é muito faceira
Cantando como a cigarra
E acompanho os meus passos
No tocar da castanhola
E não perco um compasso
Sou de origem espanhola
O luar me acompanha
Com estrela brilhantina
E o sol sempre me lanha
Com dourado me acetina
Minha pele bem tostada
É o orgulho de um povo
Que vive pela estrada
Sempre num caminho novo
by
***RosaMel***



***DANÇA CIGANA***

Eu uso saia rodada
Blusa cheia de babado
Colete de veludo
O meu corpo bem marcado
A vida de alegria
Que eu levo na estrada
Tem sempre por companhia
Uma gente acostumada
De andar pela cidade
No rodar do carroçaõ
Nessa minha liberdade
Minha vida é emoçaõ
A fogueira sempre acesa
A noite coberta de estrelas
A lua cheia é a presa
Para com amor prendê-las
A dança das labaredas
O maneio do corpo em luz
Atravessando as veredas
Por um campo que me conduz
Gira...Roda.. essa saia
Bamboleie os quadris
Mas não saia dessa raia
Pois teu nome é Flor de Lis
Bate e toca a castanhola
Ao som de um violino
Que faminto ele chora
Pelo teu corpo felino.

***Rosa Mel***

***VIDA CIGANA***

Pela estrada bem florida
Vou parando no caminho
Levando uma braçada
De graciosa margarida
Ao sentar na sombra amiga
Encho o meu bule de flor
E assim eu sou querida
Distribuindo amor
Povo forte e valente
Que ama e que conduz
Todos seus descendentes
Com alegria e luz
Proteçaõ , amizade e respeito
É o sentimento perfeito
Que sente e rasga o peito
De um gitano compromissado
Pelo povo andarilho
Não ficar todo espalhado
Que todos sigam a trilha
E unidos como matilha
Mantendo a sua gente
Por debaixo da mantilha.

***Rosa Mel***



***BEDUÍNA***

Conta-me cigana errante,sem pátria e sem destino.
pára por um instante,deixa aprumo o meu tino.
Tu és mulher do deserto, nunca perdeste uma trilha.
Teu olhar é misterioso é esperto,
E não passas de uma andarilha.
O sol escaldante te doura a face,e teu rastro
e na areia apaga com o vento.
Percorres milhas e não arrefece, segues firme
a trilha no intento,
brava guerreira, cigana sem rei.
Mil homens te querem, com apetite voraz,
e quem tu queres, eu não saberei.
Pois a sorte na mão, és tu quem a traz.
Morena dourada de mito e magia, viestes distante
lá da Hungria.
Com ervas, unguento e sete sangria
És bruxa, feiticeira e adivinha, Deusa morena
divinamente bela,
Ser imaginário, andante, estradeira,
pareces pintada em aquarela.
Como oásis perdido, ilusório
Te amo, te quero, minha flor pequena,
Entrega-te a mim, Beduína andante
Ardente, misteriosa, sedenta e plena,
com este corpo de areia coberto
Por certo serias tu, a flor do deserto
e eu areia quente,
que não te liberto.

***Rosa Mel***




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