sábado, 30 de julho de 2011


*** AMOR E AMAR***

É água na sede
É sombra no sol
É descanso na rede
É vermelho arrebol

É doce a canseira
É doce a bobeira
Que deita na esteira
No amor sem fronteira

A gota faz a vertente
O riacho vai pro rio
Enrosca como serpente
Aceitando o desafio

Confessa o que sentes
É bom confessar
Então não lamentes
E aprenda a amar

Em tudo que acontece
Existe sempre o amor
Se alimenta não fenece
Desabrocha como flor

Amor é amar, amar é sonhar
O amor não esquece
Da flor que floresce...

***Rosa Mel***

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***Caminhada Astral***

Caminhando nesta estrada e semeando
em cada rasa cova uma semente sã
Com amor e com carinho vão ali brotando
sem deixar pelo caminho a semente vã

Nesta longa caminhada que de vanguarda
carrego dentro do peito, fazem longas eras
Venho entregar para quem está de guarda
ao reconhecer que descem, de outras esferas

Quando chegar o dia da final colheita
pois que seja então um grande festival
e por todo coração seja então aceita

Do ponto de partida e na afã chegada
por onde semeei um sonho imortal
o que importa mesmo, é a caminhada
by
***RosaMel***

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***A Vida Em Retalhos ***

Trouxe um saco de retalhos, alguns estão em frangalhos
Muitos deles estão bons, são simples com vários tons
Coloridos bem vistosos, foram vestidos garbosos
Aventais trabalhadores, com bolsinhos multicores

Trouxe também já bem feita, a minha colcha perfeita
com esmero agasalho, feita toda de retalho
Assim procede na vida, que as vezes tão colorida
segue enfeitada cores, em retalhos de amores

Quem sabe e faz bem feito, juntar pedaço perfeito
Vai fazendo a tecitura, lamenta chora e jura
por cima do véu oculto, naquele pano de luto

Onde esconde um segredo, que foi para o degredo
Apesar da confissão, jurando sempre que não
Segue a vida satisfeita, e em simples costura ajeita
by
***RosaMel***
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***AMOR SENSUAL***

Amor puro de minha vida
Quente, sensual e dolente
Amor que cura uma ferida
Mesmo que pareça permanente

Amor situação imolante
Que se consuma entre lençóis
É o bater de asas esfuziante
De libélulas em mil bemóis

Por entre realidades e sonhos
de loucas fantasias carnais
Aos teus pés me descomponho
Em luzes e desejos imortais

E entre olhares luminais
Em mil cadências eu componho
Como um sambar, de velhos carnavais...

***Rosa Mel***

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quarta-feira, 27 de julho de 2011


***Vôo Triunfal***

Criei de ti a belíssima imagem
daquelas que o sopro da manhã alisa
Em que o sentido d'alma cria miragem
em que o sussurro da voz precisa

Eu sei que tristes cenários desfilam
em meus melancólicos pensamentos
E como num despenhadeiro afunilam
revesando entre si ressentimentos

É triste de ver sozinho o pedestal
que eu eregi entre quimeras sutis
e agora vejo, desabar em vendaval

É triste sim, e fiquei deveras tocada
por um querer que trouxe sofrimento
deixando-me no chão, encarquilhada

Mas sou como um casulo que no final
ressurge em borboleta, rubra de oiro
flanando as asas no seu vôo triunfal
by
***RosaMel***

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***Tempo***

O tempo é lento no contratempo
do criador ao invento
o tempo é rápido na jogada
quando visita a amada

O tempo é longo entre o lamento
que nas juras, dá firmamento
mas é tão curto para os que brindam
que em bolhas, num tilintar findam

Aprendi a dar valor ao tempo
e sei que ele é eterno
que não termina nesta era
mas que sobressai em outra esfera

Onde a vida reluz, em feixes doirados
na essência primorosa
da virtude que permanece
no âmago da criatura.

Há sempre um tempo
em que precisamos de tempo
para o nosso alento
e escutar o vento
que num sussurro canta:
_ Teeemmmpooo...teeemmmpooo...

by
***RosaMel ***

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***ARQUIVO NOVO***

Desarquiva a amargura
Não conviva com agrura
Desfolhe o calendário
Pois que fique centenário

Cultiva a tua pureza
Cultiva o teu perdão
Não vivas com avareza
Convivas com a paixão

As chuvas da estação
Que tragam ao teu porto
Se queres a ilusão
Seja a ilusão do teu gosto

Com a água escorrendo
Nos cabelos em desalinho
Eu sinto que estou morrendo
Com a falta do teu carinho

E já canta o sabiá
No meu pé de laranjeira
Chamando o beija-flor
Prá mostrar sua companheira

O sabiá é fiel e gosta da companhia
Do beija-flor solidário
Que beija flor todo dia....

***Rosa Mel***
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***FIOS***

O fio que tece o destino
é o mesmo que tece a teia
é o fio do pensamento que
tece da ampulheta a areia
o fio que faz o regato
molhando as dores do mundo
aliviando os pesares
daquilo que foi para o fundo
O fio que a alma prende
é o mesmo fio que suspende
mas ainda não se entende
por mais que se tente entender
Na face dolente o sorriso
estampado é o fio esticado
E o fio da caravana
ao longe riscando o deserto
a miragem que a traz para perto
recebo de braços abertos
O fio que puxa o balde
do meio do poço profundo
é o fio que puxa a água
que mata a sede em segundo
O fio que afiado corta
é o fio achatado que entorta
Prá acompanhar a fio da vida
que foi escrita torta
O fio que sobe e desce
e prende o elevador
ante o atrito incansável
aquece guinchando de dor
O fio de cabelo que enrosca
é o fio que move o relógio
Desenrosca o fio apressado
Trocando o dia parado
O fio que corre a calçada
atravessando a rua
É o fio permanente,
que contorna suave a lua
O fio da lágrima que escorre
pela face amarga e dorida
é o mesmo fio que sutura
a ferida profunda escondida
Com todos os fios da vida
não há fio tão comprido
que costure em todos os panos
os amores dos humanos
O fio que recorta a alma
de um humano desumano
que se dependura acima de Deus
e acima de seus irmãos
não é gente...é um projeto
um arremedo pendente
de um fio duro e perecível
que não serve para o mundo
muito menos prá ser gente.

***Rosa Mel***

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domingo, 24 de julho de 2011



***Estranho Viver***

Nesta vida que eu vivo sem sentido
procurando encontrar uma saída
para o gosto do meu fruto proibido
não morrer de desgosto em recaída

Este travo que amargura o meu viver
tem resposta que é um tanto sem sentido
Diz-me a razão que palpita num querer
despe a alma e também o teu vestido

Pela longa cantilena que desfila
a deixar-te tão tristonha á janela
destilando uma amargura que aniquila

Joga longe esta triste desventura
que a resposta desce lisa a encosta
e a pergunta fica presa na lisura
by
***RosaMel***

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*** SOU PEREGRINA***

Sou peregrina
nesta terra de campinas
e vales verdejantes

Sou peregrina
neste céu de mil estrelas
correndo atrás da cadente
como amá-la e tê-la?

Sou peregrina
nesta orla marítima
onde encontro outra vítima
sufocada no petróleo

Sou peregrina
deitada na grama fria
estudando astronomia
para o meu mundo achar

Sou peregrina
no céu, na terra no mar
procurando encontrar
solução para este povo
conjugar o verbo amar

sou peregrina
nesta terra pequenina
onde sou um grão de areia
que faz o meu Deus chorar....

***Rosa Mel***

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***Hora de Tudo Acabar***

As lágrimas são confetes, e caem no batom gasto
rolando doidas vedetes, na pele o tapete vasto
Esgueirando pela porta, desce a sombra em raio gris
a mim nada mais importa, o que ilumina o chão de giz

Espantalhos em retalhos, na nesga a torturar
a miúdo, em farfalhos, eu não posso mais guardar
E hoje nesta solidão, que a mim assim devora
o bater do coração, é um grito que implora

Em devaneios disparo, olhares em profusão
isso sempre foi tão raro, fogo, raio de trovão
e as lágrimas violetas, num jardim que nunca vi

Voam tal qual borboletas, esperando o colibri
sem asas foram embora, sem beijos para secar
é então chegada a hora, a hora de tudo acabar
by
***RosaMel***

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***MONJOLO***

Roda gira o moinho
Devagar moendo o grão
Da sua janela o mocinho
Olha com muita atenção

Passa o dia e a noite
O inverno e o verão
O vento é um acoite
Jogando as folhas no chão

E assim passa o tempo
Correndo devagarinho
Para o moço seu alento
É o canto do passarinho

E apenas os seu olhos
Estão em contemplação
Se pudesse um segundo
Sairia do seu colchão

Continua a sua sina
E no seu catre de palha
Vê o verde da mangueira
E o bater d'agua na calha.

***Rosa Mel***

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quinta-feira, 21 de julho de 2011


*** EM BUSCA DO AMANHÃ***

O hoje que me pertence
Dele eu tiro as entranhas
Não sei se o amanhã me vence
Tentarei jogar as ganhas

Me apresso, a vida é única
Bebo o cálice sofregamente
É de linho a minha túnica
Não tinja de vinho displicente

O amanhã que me pertence
Uma luta vou travar
Nem sempre é ele que vence
Minha luz, ofuscará

A certeza do passado
É que não volta jamais
Então eis que tenho achado
O tesouro dos demais

O sonho foi projetado
E que comanda o instante
Por ele tenho lutado
Embora seja um errante

O vestido da realidade
Toma um traje de gala
Exibe a felicidade
As vezes cala...ou fala.

***Rosa Mel***

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(SidneyMariano_1985_Violeiro)

***O BOÊMIO***

O velho boêmio
chora
nas cordas do violão
Em cada canção
de um amor andarilho
Senta, chora e dedilha
com uma lágrima livre
a sua amiga viola
Chora um amor perdido
Também pelo amor roubado
Chora e lamenta mais
o amor atraiçoado
Mas é da dor que ele vive
e bravamente resiste
Enquanto houver um boêmio
haverá um lamento triste
E ao bater de um coração
Sentado ao pé da mesa
sua canção num papel
escreve com emoção
Canta assim a sua dor
e a falta da sua cabrocha
mesmo assim ele não afrouxa
e canta o lamento dor
afinando a viola
no coração sofredor

***Rosa Mel***

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***Fascinação ***

Fascina-me, o verde mar no teu olhar
é lá, onde com magia, vou submergir
Imensidão de ondas, onde vou me afogar
nestas águas revoltas, estou a consumir

Diviso nuvens, esparsas no horizonte
que importa a chuva, se sou temporal
Depois da tormenta, há um desponte
neste abraço mudo, transmuto total

Venha ó sol, glorificar os meus dias
ilumina-me, com teu oiro magistral
venha amplificar as minhas alegrias

Transmutar, minha fonte de energia
que borbulha assim transcendental
desenrolando, numa simples sinergia
by
***RosaMel***

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***Carinho Quimérico***

Carinho que afaga a alma, está em gesto de amor
em um olhar que acalma, em sorriso refletor
Carinho que voa tão leve, que vai com a brisa morna
envolve e diz até breve, que foge e depois retorna

Carinho é como pluma, que aquece pequeno ninho
fortalece o fraco e apruma, dá força a seguir sozinho
Carinho precisa no mundo, que hoje anda tão hostil
acalma o choro profundo, e alimenta de forma gentil

Carinho é a mola que move, o bem viver da existência
é broto que quando chove, ressurge da emergência
levando afeto n'álma, prá tão bela assim florir

Que os olhos no céu deponho, tentando então abrir
ao emergir de um sonho, possa então eu ressurgir
num plano de paz profunda, sem o véu da sonolência.
by
***RosaMel***

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segunda-feira, 18 de julho de 2011


*** DIA DE BORBOLETA***

Ó meu amor imortal
Larga do teu casulo
Não te atenhas
Em simples lagarta
Sejas uma borboleta
E venhas comigo voar
Teremos horas apenas...
Mas que serão imortais
Voaremos de flor em flor
E de todas provaremos
O néctar do paraíso
Vamos correr com o vento
Soltas pelo céu azul
Voando alto como os pássaros
E competir com o beija flor
Que no bater de suas asas
Sempre será campeão
Venha comigo...
Passeie na grama orvalhada
Visitemos a floresta encantada
Onde o manso regato
Que desce feliz entoando
Uma doce sinfonia
Que a sede vai matando
E nós na folha embalada
Na correnteza tão fria
Seguiremos anilhados
"Pois acabou o nosso dia!"

***Rosa Mel***

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COISAS DO MAR

O gosto da maresia, grudado na pele tua
transforma em ousadia, faz comigo falcatrua
As ondas enviesadas, com respingos de candura
chegam assim segredadas, levando-me a loucura

O mar que envolve o mundo, inunda em profusão
torna meu ser mais fecundo, faz de mim uma explosão
Minha vida não é minha, quando chego a beira mar
Sinto-me então rainha, como o sol num fulgurar

A dançar por sobre as ondas, vão espumas a rendar
bordando sem mais delongas, alvas malhas a bailar
que em busca de carinho, flutuam por sobre o mar

Nas belezas desta vida, que o bom Deus assim criou
onde mais me deu guarida, onde mais me abençoou
foi aqui neste cadinho, que a mim alinhavou
by
***RosaMel***

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***A Vida em 78 Rotações***

Pelo ar que perambula a madrugada
pelo vento em rajadas na calçada
Pela aragem que ventila e destila
pela gota de orvalho que cintila

Na poeira que volteia as folhas mortas
vem á mente as imagens todas tortas
E na lua que minguante assim desfaz
o labirinto de uma vida incapaz

Minha vida gira feito um long play
Vai perdida em mil e uma rotações
33, 78, mas são loucas as estações

Que nesta era não existe um display
onde mostre o passado decomposto
aterrado, numa lama de desgosto

Segue a vida pela beira de um mangue
o ser humano incapaz de compreender
sem perdão a triste sina que exangue
by
***RosaMel ***

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*** É SAUDADE***

É um vazio que acalma,
A falta que você me faz
É um frio voraz, que bate n'alma,
Trazendo as lembranças atrás

Saudade do meu devaneio
Entre teus braços de amor
Aconchegado em meu seio
Aquecendo-me com teu calor

Saudade da tua palavra
Atrevida audaciosa e safada
Hoje tenho o sabor da trava
Do verde beijo na minha boca calada

Tuas mãos que percorrem o caminho
Deliciadas com meu riso cascateado
Saudade que lavraste com teu carinho
Na minha pele com gosto de pecado

Saudade do teu peito em arfar ansioso
Quando à mim te chegas tão ávido
Do pulsar do teu sexo gostoso
Ardoroso vibrante e cálido

Saudade que não se transmite
De um corpo másculo e ardente
Saudade do que o meu eu não permite
E daquilo que o meu corpo mente

Saudade doce saudade que o passado me tráz
Saudade que calo e adormeço
Saudade do que eu fui capaz
Saudade dos beijos de amor...e da sinfonia de ais.

***Rosa Mel***

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quinta-feira, 14 de julho de 2011


***REAÇÃO***

Seca e estiagem
nuvens que reagem
Vergonha desembaraça
o gato que vai a caça
É pura sacanagem
de toda a malandragem
Que sofre de vertigem
uma moça pura e virgem
Na quebrada da esquina
dei um nó na minha sina
E o pé do meu sapato
atirei no pobre gato
E a bolsa de jacaré
Acabou com a minha fé
Hoje olho pra lagoa
só encontro gente à toa
No rumo da minha vida
minha estrada é comprida
Nesta minha embolada
Já fiquei emocionada
O meu bolso está furado
e está cheio de dobrões
Atravesso o rio a nado
e encontro confusões
E você o que que quer?
Ajudar esta mulher?

***Rosa Mel***

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***ESPERANÇA***

Eu adivinho a esperança
que guardo no coração
Não a perdi em criança
e sinto a mesma emoção

Sempre pintada de verde
para quem quiser achar
E depois de encontrar
basta só você guardar

Não se perde a esperança
nem que se queira perder
A ganhamos em criança
e a levamos ao morrer

**Rosa Mel***

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***Gosto de Saudade***

Afasto minha tristeza, relembrando em alegria
o gosto da framboesa, no teu beijo de agonia
E correndo entre os canteiros, com espinhos a ferir
nos teus braços prisioneiros, e nos beijos a cobrir

Onde toda fantasia, que embalava a juventude
foi num canto de euforia, que te amei em plenitude
Do mato relembro a cor, do riacho a cantoria
da tua boca o sabor, do teu riso a alegria

São saudades que eternas, ressoam no peito ardente
na pele tuas mãos tão ternas, na boca teu beijo quente
Por isso minha tristeza, eu canto com euforia
pois eu tenho a certeza, que nasci naquele dia.
by
***RosaMel***

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*** NO BALCÃO***

Céu coberto de estrelas
Lua cheia encandeada
Seresta na noite morna
e o choro da doce viola
No alto de seu balcão
A donzela mui formosa
Escuta a chorosa canção
do boêmio apaixonado
A sinfonia que toca
na sua alma gentil
Abre seu lindo sorriso
em perolado jasmim
Vestida de seda a donzela
não pode descer ao chão
Mas esquece sua mazela
ao som de um violão
Que toca cantiga antiga
para a moça do balcão
Cercada de flor perfumada
Nesse jardim suspenso
Entre serestas e ditas
Fecha a janela, encantada
Não antes sem jogar as flores
que prendiam seus cabelos
num laçarote de fitas.

***Rosa Mel***

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segunda-feira, 11 de julho de 2011



***AMAR SIMPLESMENTE***

O poema que em mim nasce
É amor entre iguais
Não existe oposição
Sem razão, ilógico
Pode ser complexo
Sem nexo
Simples, completo
abstrato, absoluto
Pode ser único, verdadeiro
Supremo, Infinito
Sem ferir ou agredir
Amor....Oh! Amor
Que os Deuses me digam
De todas as formas
Em qualquer momento
O meu intento
é viver, sentir,
compor, dispor
querer, ter
desejar, gozar
Ou simplesmente
Amar....

***Rosa Mel***

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***RUMO***

Lá prás bandas da senzala
na picada de chão batido
a beleza se iguala
na cachoeira com seu gemido
As folhas caídas no chão
fazendo um tapete ungido
a água bate na pedra
com ressoar adormecido
A clareira iluminada
por entre folhas e ramos
Nos mostra seres alados
dando alento aos humanos
e o pipocar das estrelas
faiscando arco íris
Quem não vê-las
ou querê-las
não passa de um rei ofendido
Fica cego sem tê-las
E segue o rumo perdido.

***Rosa Mel***

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***Fada Tecelã***

Era tão organizada, minha fada tecelã
bordava e costurava, sempre com muito afã
A vida não era fácil, mas sempre prá mim sorria
com um olhar a incentivar, que o meu ela colhia

Minha fada era mãe, amiga, e era incrível
fazia até milagres, simplesmente, invencível
Hoje somente restaram, agulhas e carretéis
velhos esboços amarelados, juntos com os papéis

Minha fada foi embora, foi pousar noutras paragens
costurar com novos fios, com nuanças de miragens
Acredito que hoje faça, novas vestes angelicais
com tecidos esvoaçantes para seres celestiais

Embora me faça falta, e a saudade me consuma
hoje a sua visão, vive envolta em uma bruma
Eu daqui lhe alinhavo o meu verso sem costura
que se vai bordada em pétalas, cheia de ternura

Ponto por ponto o bom tecelão, corta e recorta
tramando os fios, sempre encarando os desafios
onde encerra uma vida, deixando aberta a porta.
by
***RosaMel***

.

sábado, 9 de julho de 2011


*** Meu Sonhar ***

Preciso dormir em paz, preciso de segurança
mas a vida me é sagaz, e atormenta tua lembrança

Preciso muito sonhar, sonhar que eu sou feliz
mas não deixo de te amar, pois sou mera aprendiz

Nada em mim é risonho, tudo em mim é banal
e como tenho só sonho, a realidade é fatal

No entanto adormecida, eu sonho que tu velas
minhálma entorpecida, no sonho que tu revelas.
by
***RosaMel***

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*** O MONGE***

Um ponto ensolarado
desce a trilha escarpada
pensando com seus botões
Descer até a cidade
isso é uma raridade
E segue o seu destino
na trilha grotesca e falsa
E debaixo da mantilha
sua tigela e um frasco
ervas, unguentos e sais
carrega com precisão
Vai curar dores e ais
sem perder nenhum grão
Entrando em um casebre
bem à beira do caminho
Salvando o seu doente
que estava em definho
Sem dizer uma palavra
pega a trilha e vai embora
Dedilhando a japamala
olhando o céu estrelado
Segue o monge a escarpada
E chegando ao seu mosteiro
Vai rezar pro mundo inteiro.

***Rosa Mel***

.

***FASCINAÇÃO***

Lénçóis de linho,em desalinho
Pétalas de flores, aromas mil
Nossa alcova, um ninho
Onde o sonho é redivivo
O tempo inteiro revivo
Nada fica perdido
E a música composta
Com teus sussurros e meus gemidos
E o véu da noite nos encobre
Iluminando com a luz da lua
Teu toque suave, de mestre
Ao tocar o violino, que esculpe
A beleza, com leveza e destreza
E a mente extasiada
Ah!.....Destino...
Que cruzou o teu caminho
com meu carinho
Descompassou o meu rítmo
a minha cadência
tu desfizeste o deserto
Acendeste a chama
E me despeço do vazio...
preenchido em tua cama.

***Rosa Mel***

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*** AMOR CONSUMIDO ***

A dor que no meu peito habita
que corrói e minh'alma destroça.
não sei se é porque te quero tanto
ou se pensas, que disso eu faço troça
Não ignores um amor que foi vivido
nem troques aquele que foi perdido
Pois tu vives em minha mente
e o outro, é um amor sofrido
Se te quero, como quero
e naõ entendes...
O outro quero... porque quero...
e não compreendes.
Me sufoca esse amor, que já partido
pelo elo da vida definido
E eu morro, aos poucos consumido
por teu amor sem queixa
escondido
Mas dia chegará
que naõ vivido
Partirei desta terra descontente
com meu coração triste
e arrependido
Porque não que te disse
Filho querido....
tu és minha vida!
dor que mata, dor triste
dor pungente
que marca a vida inteira
de um vivente
É perder um ser amado
de repente
E o outro sempre vivo
no presente.....

***Rosa Mel***

.

quinta-feira, 7 de julho de 2011


***Cores ***

Espero o passar do inverno
para que se vá tão gélido frio
É do cinza triste ao branco eterno
que me deixa neste desvario

Ó azul que te quero celeste
neste céu de brigadeiro
Preciso que aqueça o agreste
deste meu povo altaneiro

E este laranja que ofusca
feito ouro reluzente
Assim se esvai minha busca
da ausência do presente

Mas no verde da campina
e nas vestes do verão
A toda corola empina
o verde da estação.

Que seria do arco íris
se vermelho não houvesse
É a cor do amarílis
quando o dia anoitece

Nesta sequência de cores
não falta nem o lilás
Nos cocares multicores
dos índios tupinambás
by
***RosaMel***

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***Pedaços de Mim***

Saudade que dói e lateja é peja
uma dor que corrói e destrói
Foi amputada de mim sem fim
leva o que há de ruim faça motim

Esta dor que estraçalha e desgraça
uma parte de mim que esvoaça
E sem graça retalha frangalhos
a vida é assim amealha retalhos

Seguindo por atalhos e desvios
em busca de agasalhos tardios
Parte de mim que perdi amputada
esta ferida sem fim gotejada

Sangue rubro que escorre e morre
traz-me á boca sabor adocicado
Pela saudade do amor que escorre
em minhálma de ser um condenado.
by
***RosaMel***

.

***Amor Antigo***

Este amor de outrora, que eu tenho saudade
mora numa estância, que é só encantamento
Onde cada pousar, de uma ave em liberdade
gorjeia um verso triste, cantando meu lamento

Que seja de manhã, bem cedinho ao alvorecer
aspirando delicadamente, o aroma primaveril
Embora, nada possa te dizer, sobre meu querer
daquelas tardes fagueiras de um amor juvenil

Nestes versos saudosos que ora eu verso
que trazem á tona, uma ausência profunda
onde meu bem querer, vive assim imerso

Nos canteiros perfumados, sob a luz da lua
onde a minha triste alma, reclama e inunda
a derramar tanta doçura, nesta alma que é tua
by
***RosaMel***

.

***Frias Facas***

Esta sede de amor que me consome
que me aniquila e me dá tanto prazer
Eu tremo toda ao ouvir teu doce nome
e enlouqueço ao pensar em te querer

Tuas palavras são no entanto frias facas
que minha alma ao retalhar tão friamente
Em pele quente vai deixando suas marcas
que ao torturar vai se tornando envolvente

Peço que mates esta sede que atormenta
pois que eu vivo na mais triste amargura
gritando ao léu pelo amor que alimenta

Já que te quero com amor que alucina
e não mais aceito esta triste desventura
e com desdenho minhálma então comprima
by
***RosaMel***

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quarta-feira, 6 de julho de 2011



***Dias Assim***

Se já fazes parte de um todo em mim
sendo o ar que eu respiro imaculado
Vou vivendo os meus dias sempre assim
na espera ansiosa do abraço apertado

Quando a mágoa toma conta indiferente
do meu peito ora contrito em loucura
Ao pensar que meu amor é permanente
e ao negar-me choro triste a desventura

Ao lavar assim então intensas águas
a minhálma que renega a indiferença
e por meu querer assim então deságua

Pois que sejam os meus dias sempre assim
com amor que brota na mais pura crença
e floresça num botão que desabrocha em mim
by
***RosaMel***

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***Marca Fatal ***

Esse amor que era meu e não esqueço
E que por ele hoje sofro e padeço
Que ao lembrar enlouquecidamente
Sinto bater no meu peito dormente

Minhálma que tece em triste agonia
A mais doce lembrança em fantasia
Que ao balanço do sonho irreal
Deixou em mim uma marca fatal

Toda a vida que eu via brilhar
Na ardente chama do teu olhar
Morre então na mais triste saudade

E hoje acredito que não fui nada
Se vivo sofrendo tal qual condenada
E o sonho que eu tive foi fatalidade
by
***RosaMel ***

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***A Luz do Teu Amor ***

Este amor que me dedicas vem
carregado de paixão e desejo
E tudo que a minh'alma sempre tem
resplandece feliz num lampejo

Com a dor que tu me causas sorrio
por que sei que és somente prazer
E afogada em meio a tanto desafio
surge a lembrança antiga de querer

Eu bem sei que a dor da alegria
vem num temor com receio de perder
e lamentar num sofrer de nostalgia

Como quero que persista esta dor
que infinita pode só me envolver
iluminando com a luz do teu amor
by
***RosaMel***

.

***Lágrimas de Saudade ***

Quem vê cair em mim senão eu
As lágrimas tristes de saudade
Somente eu sei o quanto doeu
E o que me mata a vã realidade

Em meu rosto sem olhar, divago
Nos meus lábios um riso difuso
E assim com meu pensamento vago
A debater-se um tanto confuso

Vejo cair meu pranto profundo
Que descendo cálido embaça
O meu olhar tristemente mudo

Eu me ponho então a cismar
Como vou achar na vida graça
Se já não sei mais o que é amar.
by
***RosaMel***

.

segunda-feira, 4 de julho de 2011



***Perpendicular***

Fio pendente de um sonho impossível
de um eterno balanço perpendicular
Sois uma essência da vida possível
assim como o sol dá vida ao raiar

Ai que não fora o sonho á sonhar
mesmo que seja a vaga indecisa
Não há quem impeça a nau navegar
dispersa na onda tão imprecisa

Minh'alma navega sentimental
sobe os degraus em busca de ar
são gestos perdidos quase fatal

O pensar é uma dança imperativa
que a minha volta estão a flutuar
numa cadência sem alternativa.
by
***RosaMel***

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***Em Busca do Amor ***

Meu amor te buscarei eternamente
nesta estrada que incendeia minh'alma
E ao te encontrar assim serenamente
repousarei em ti com toda a calma

Nesta busca intensa pela felicidade
onde eu quero viver e morrer de amor
Que este sonho torne-se então realidade
embrulhando em mim o amor que compor

Mas se a desventura atravessar com pranto
e minhálma chorar desesperadamente
mesmo assim não quebre este encanto

Pois mesmo que eu morra de tanta saudade
não importa a dor porque na verdade
vivi, e lutei com toda intensidade
by
***RosaMel***

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*** HOMENAGEM AO POETA ***

O poeta tem o fio da idéia, mente pensante
mãos que escrevem, no enrêdo que traça
condutas e reações, dramas e comédias
vidas e amores, dores e fulgores
O poeta tem inspiração, olhar furtivo
palavras sussuradas, um amor, um desamor
um é frio, outro é calor
as vezes rica rima, outras sem metricar

Tem sempre o toque mágico
É poema....É poeta
a rosa chora, o vento geme
a chuva escorre na janela
A flor que brota, a palavra brota
o sorriso brota,
na mão do poeta tudo brota...
risos e alegrias, e viva a criação!

Ele faz luz, apaga as trevas
Planta o infinito
canta o amor
vibra as cordas da viola
canta o amor e canta a trova
e a dor que não consola

sempre tem os seus amores
chora,a agonia a separação.
o inevitável o condenável
chora o amor que foi perdido
o afeto inalcansável
sofre ter e o não ter
sofre o esquecer e o perder
e certamente com tudo e por tudo isto
aprendeu a viver, amar e sofrer

Porque cria e desafia
até a dor de todo dia
sem forma ou fórmula
sem momento
é apenas um instrumento
"do amor...., sublime amor"

!!!E VIVA O POETA!!!
by
***Rosa Mel***

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***Bandoleiro***

Segue pela estrada, rumo ao infinito
levantando poeira, sempre ao passar
Camisa aberta no peito em agito
cantarolando, a vida leva a embaçar

Quem é este forasteiro, aventuroso
que um amor, deixa chorar desesperado
Será que ele, ao partir tão silencioso
sente medo de amar, sem ser amado

Sua imagem no entanto apaixona
o seu toque é gentil e envolvente
mas com ele todo coração se engana

Segue a sina pela estrada bandoleiro
vai adiante, segue então assim descrente
e viva a vida e não viva sorrateiro.
by
***RosaMel***

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sexta-feira, 1 de julho de 2011


***Um Mundo Melhor***

Queria te dar um mundo sem mágoa
te deixando a fartura permanente
Como num doce riacho que deságua
a mais límpida água da vertente

Uma floresta que fosse gloriosa
e esbanjasse um verde esmeralda
E no céu refletisse tão glamurosa
bailando na imensidão sua grinalda

Que todas as flores então brotassem
e que todos os frutos fossem colhidos
Que outros seres não desperdiçassem
os frutos maduros nos galhos pendidos

Queria que todos tivessem a ventura
que um dia eu tive e vivi tão sobejo
Ó futuro não te quero em desventura
este é o mais puro e o meu real desejo

Meu filho, meu neto linhagem tão pura
que tu sejas então um herdeiro fiel
que tu tenhas enfim uma grande ventura.
by
***RosaMel***

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***Sobrevivendo***

Quem diz que um grande amor morre, mente
Pois que n'alma fica sempre a viver
Se a tua presença constantemente
Bate em meu peito a sobreviver

Quem dera que a vida fosse somente
Feita de sonhos e não desenganos
Que deixam a alma do ser tão descrente
Que vagando ao léu em outros planos

Encontram assim perdidos no mundo
O amor que deixou a triste partida
Calando de dor de um modo profundo

A luz que dourada então refulgia
Num poço profundo pedindo guarida
Fugindo da dor que no peito rugia
by
***RosaMel***

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***Astralmente Versando***

Pois que venha a noite devagar
com milhões de estrelas a envolver
Que possam lentamente soluçar
orvalhando o lindo amanhecer

Pois que venha ardente astro rei
aquecer minha tão triste quimera
Que ao partir eu não as levarei
pois que vivem já em outra esfera

Da lembrança que eu trago comigo
é de ver-te aquecendo meu poema
onde verso o meu pesar antigo

E assim num banho de claridade
que ao ofuscar o meu pobre dilema
inundas na minh'alma divindade
by
***RosaMel***

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***Segredos ***

Segredos que pela vida passam
segredos que já não são ocultos
Tristes verdades que ameaçam
realidades que são só vultos

São paisagens de uma vivência
com planícies invioláveis
Nós vivemos a experiência
com todos seus erros, incontáveis

Vale secreto não habitável
que só permuta com o temor
na persuasão do inviável

Segredo tenho e quem não os tem
guardo os meus com muito valor
mas teu paraíso de onde vem?...
by.
***RosaMel***

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